A descoberta do vidro tem sido objeto de controvérsias, pois os historiadores não dispõem de dados precisos sobre a sua orgiem. No entanto, após a descoberta de objetos de vidro nas necrópoles egípcias, pode-se concluir que o vidro já era conhecido pelo menos 4.000 anos antes da Era Cristã. Porém, a descoberta de objetos de vidro em sepulturas antigas contradiz esta versão. Assim, pode-se supor que a indústria vidreira era conhecida antes mesmo que o vidro fosse fabricado em Tebas. De qualquer modo, está confirmado que foi no tempo de Tibério que esta atividade se estabeleceu em Roma, alcançando grande desenvolvimento e perfeição, suplantando desde logo a indústria egípcia. Alguns autores apontam os fenícios como sendo os precursores da indústria do vidro. Na realidade, os fenícios são os responsáveis pela sua comercialização com outros povos. Também é certo que, através de suas relações com o Egito, os romanos aperfeiçoaram essa arte e se tornaram exímios nela, chegando a dominar os mais adiantados processos de lapidação, pintura, coloração, gravura e mesmo modelagem de vidro soprado. Os romanos levaram esss processos para a Península Ibérica e para a Gália, onde permaneceram por muito tempo. Mas a invasão dos bárbaros pôs fim a essa atividade e o vidro foi esquecido no Ocidente. Com a mudança da sede do Império Romano para o Oriente, Constantino Magno levou consigo artesãos hábeis nessa arte, impedindo assim que a indústria do vidro se acabasse. A partir daí, o Oriente passou a ter o monopólio desse comércio, principalmente por causa da proteção que Teodósio II dispensou aos fabricantes, isentando-os de impostos e dando-lhes outros benefícios sociais e comerciais.
Idade Média e Renascença
O baixo Império conservou esse monopólio até o século XIII da Era Cristã, quando então os venezianos começaram a introduzir artistas gregos em suas oficinas. Isso ocasionou uma grande prosperidade nessa indústria, cuja supremacia sobre a de outras nações do mundo durou até o século XVII A indústria veneziana protegeu bastante os vidreiros. Essa proteção se transformou em despotismo, quando o conselho dos Dez proibiu terminantemente a saída de operários para o estrangeiro, tomando a seu cargo, em 1490, as instalações de Murano, pequena ilha próxima de Veneza, para onde tinham sido transferidas, em 1289, todas as oficinas e fábricas, visando ter maior vigilância sobre os trabalhadores. Mas, apesar do rigoroso controle, alguns operários conseguiram emigrar para a Alemanha. Por essa época, eram famosos os espelhos fabricados em Veneza, fama esta que chegou até os nossos dias. A Europa toda estava sob domínio veneziano e não tinha forças para romper com ele. Até que a Alemanha começou a promover a imigração de martitas venezianos, que foram para lá em número cada vez maior. Muitos paragam com a vida essa "rebeldia", porque a República de Veneza baixou decreto dizendo que o operário que se obstinasse em ficar no estrangeiro poderia ser morto por um emissário enviado pelo Conselho dos Dez. Apesar de alguams mortes e do pavor espalhado entre os operários, a Alemanha conseguiu consolidar sua indústria vidreira, através de artistas que transformaram e aperfeiçoaram o processo de fabricação e o estilo das obras. Ao contrário do vidro veneziano, que se caracterizava por leves filigranas, o alemão utilizava esmaltes e reproduzia desenhos célebres. O vidro esmaltado teve sua época de grandeza. Mas depois de instalada a indústria na Boêmia, iniciou-se ali a fabricação do vidro e do cristal gravado, que diziam ser invenção de Gaspar Lehman, a quem o Imperador Rodolfo II concedeu o título de gravador da corte, em 1612 .
Século XVIII
A França já fabricava o vidro desde a época dos romanos. Porém, só no final do século XVIII, e especialmente com as iniciativas de Colbert, foi que a indústria de fato prosperou. Mais tarde ela alcançaria um grau de perfeição notável. Da França, a indústria vidreira passou para a Inglaterra durante o reinado de Isabel. No seculo XVIII, a indústria tinha importante valor neste país, sobretudo depois que se iniciou a fabricação do cristal branco, que revolucionou o comércio vidreiro, tornando acessível o que até então só era conhecido e usado pelos ricos. A partir dessa época a indústria vidreira espalhou-se pelo mundo inteiro. Tanto a Bélgica como mais tarde o Novo Mundo, inundaram o mercado com objetos de vidro de incontestável superioridade artística e a preços relativamente baixos.